Comida de Santo: Acarajé
Você sabe o que é acarajé? Já provou essa delícia?
Na semana em que se celebram Santa Bárbara e Iansã, e já se preparando para2018 que terá a Dona dos Raios como principal regente, que tal conhecer um pouco mais sobre a bola de fogo que encanta os Deuses e os Homens?
Pois bem... O acarajé é um bolinho feito de massa de feijão-fradinho, cebola e sal, e frito em azeite de dendê. Seu nome, proveniente da língua africana iorubá, é composto por akará = bola de fogo e jé =comer, ou seja, comer bola de fogo. Na África Ocidental, onde constitui uma comida de rua muito comum, é servido com pimenta em pó ou molho de tomate picante. Já no Brasil, especialmente da Bahia, é servido com pimenta, camarão seco, caruru e vatapá (também uma iguaria africana), sendo relativamente comum a adição de vinagrete, ou ainda de maionese.
Sua origem vem de uma lenda sobre a relação de Xangô com sua esposa Oya. Segundo a lenda:
"...Oya, a deusa dos ventos e das tempestades, foi à casa de Ifá - o Orixá da Sabedoria - buscar um alimento para seu marido. Ifá o entregou recomendando que quando Xangô comesse fosse falar para o povo. Desconfiada, Oya o provou antes de entregá-lo ao marido e nada aconteceu. Chegando em casa, entregou o preparado a Xangô, sem esquecer de repassar as informações de Ifá. Xangô o comeu e quando estava falando ao povo, começaram a sair labaredas de fogo da sua boca. Aflita, Oya correu para ajudá-lo, começando também a ter labaredas de fogo saindo da sua boca. Diante disso o povo começou a saudá-los de grande rei de Oyó, ou seja, grande rei do fogo."
Durante o comércio atlântico de escravos, o acarajé foi trazido ao Brasil pelas pessoas escravizadas. Manuel Querino, em descrição etnográfica do acarajé no livro "A arte culinária na Bahia" (1916), conta que "no início o feijão-fradinho era ralado na pedra, de 50 centímetros de comprimento por 23 de largura, tendo cerca de 10 centímetros de altura. A face plana, em vez de lisa, era ligeiramente picada por canteiro, de modo a torná-la porosa ou crespa. Um rolo de forma cilíndrica, impelido para frente e para trás, sobre a pedra, na atitude de quem mói, triturava facilmente o milho, o feijão, o arroz".
Quando feitos para os Orixás, ou seja, em âmbito sagrado, o acarajé deve ser apenas frito - sem os tradicionais recheios de quando são servidos à mesa para degustação. Seus tamanhos e formatos possuem simbolismos próprios e são endereçados a divindades específicas. Os grandes e redondos são oferecidos a Xangô; os pequenos são servidos para as iabás, como Iansã, a rainha valente, mulher de Xangô, para os obás (ministros de Xangô) e para os erês (intermediários entre a pessoa e seu orixá).
Principal atrativo dos tabuleiros da baiana, o acarajé tem um forte vínculo religioso ligado ao Candomblé. Tudo é importante para a venda na rua: o traje, os fios de contas, as pulseiras, o pano da costa usado sobre os ombros; o preparo do azeite de dendê e do bolinho; o respeito às comidas e aos dias consagrados aos deuses. Nas sextas-feiras, por exemplo, não devem ser feitas comidas de cor, principalmente as com dendê, para não ofender Oxalá, que só aceita pratos brancos e sem condimentos. No Rio de Janeiro, o acarajé também é preparado com azeite doce, com o mesmo rigor do acarajé frito no dendê da Bahia. Esse tipo de alimentação ritual faz parte das oferendas para divindades que não usam o dendê ou fazem dele pouco uso.
Herdeiras dos escravos urbanos, as baianas do acarajé existem em Salvador há pelo menos um século. Em 2005, o ofício tornou-se patrimônio cultural do Brasil, registrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Mesmo quando vendido de forma profana, o acarajé é considerado uma comida sagrada pelas baianas, não podendo ser dissociado do Candomblé. Sua receita não deve ser modificada e só deve ser preparada por filhos de santo. Atualmente, há quem conteste esse princípio, achando que o importante é que seja mantido o respeito às tradições, mas a venda não deveria ser restrita aos integrantes do Candomblé.
O acarajé tem similaridade com o abará - ambos ingredientes do ritual de ano novo para 2018 -, diferindo apenas na maneira de cozer: o acarajé é frito, ao passo que o abará é cozido no vapor.
Acarajé: Como Fazer
INGREDIENTES
- 1 kg de feijão fradinho
- 4 cebola picadas
- Sal a gosto
- Azeite de dendê a gosto
MOLHO
- Pimenta malagueta
- Azeite dendê
- 100 g de camarão
PREPARO
- Bata o feijão seco só para quebrar no liquidificador
- Coloque de molho em bastante água, por mais ou menos 1 hora e meia para soltar a casca e os pontinhos pretos
- Mude sempre a água e tire a casca e os pontinhos pretos que ficam boiando, escorra a água
- Bata no liquidificador o feijão com as cebolas e o sal
- Se precisar, ponha um pouco de água para bater melhor
- Coloque a massa em uma vasilha e bata bem para ficar bem macia
- Para bater use uma colher de pau
- Acrescente dendê em uma frigideira para esquentar bem
- Com uma colher pegue a massa e coloque para fritar
- Depois de frito coloque-os em uma vasilha forrada com papel absorvente
MOLHO
- Machuque umas pimentas malaguetas
- Ponha um pouco de dendê para esquentar e frite um pouco as pimentas machucadas
- Acrescente o camarão e frite um pouco mais, tire do fogo e misture com um pouco de vatapá
Textos adaptados de:
https://www.facebook.com/casadeoxumare/photos/a.284435408246371.68277.215511825138730/1646992698657295
http://www.tudogostoso.com.br/receita/113399-acaraje.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Acarajé