Livro conta a história da Capoeira e da Malandragem no Rio de Janeiro
Arte marcial de extrema importância histórica e social, a Capoeira se relaciona com a origem da malandragem carioca: é o que garante Jorge Felipe Columá em "Da Navalha ao Berimbau", publicado pela Arole Cultural, que traz o contexto histórico sobre a dança-luta negra no Brasil.
Seguindo os passos sinuosos da malandragem desde os tempos das maltas cariocas e revisitando cenas históricas como o Bota-Abaixo, a Revolta da Vacina, a Guerra do Paraguai, as confrarias negras, o samba e a religiosidade, Jorge Felipe Columá investiga como a figura do malandro se relaciona com a do capoeirista, em Da Navalha ao Berimbau.
Numa simbiose que vai muito além das rodas e constitui uma identidade, ou melhor, uma filosofia de vida, a figura do malandro aparece como mito pregnante no imaginário capoeirista, sugerindo um aprofundamento nas relações entre eles. Ao desvelar o imaginário social que permeia os mestres de Capoeira da velha guarda do Rio de Janeiro, em contraponto aos jovens capoeiristas que agora adentram a arte, o leitor poderá perceber que símbolos e mitos permeiam estes imaginários, assim como compreender alguns dos segredos contidos nas falas desses Capoeiras até, enfim, adentrar o universo histórico do Rio de Janeiro desde os áureos tempos da Lapa até os dias atuais.
"O livro disserta sobre a malandragem carioca como movimento de resistência social e a relação que ela tem com a capoeira em sua origem. O malandro carioca, na verdade, é filho do Capoeira. Interessante perceber o contraste entre a luta e o jogo: no grupo dos mestres, a capoeira está intimamente ligada à essa `malandragem`, muitas vezes servindo como forma de manutenção de rivalidades entre grupos. Entre os professores e profissionais da saúde, por sua vez, está ligada à performance desportiva, até olímpica", explica o autor, Jorge Felipe Columá.
No livro, que também foi a dissertação de mestrado em educação física do autor, a importância da capoeira para manutenção da história do povo negro também ganha destaque. Admirada internacionalmente, a Capoeira é uma luta brasileira, a nossa luta física e simbólica pelo reconhecimento da cultura negra, nossa manifestação corporal para o não-apagamento da memória afro-brasileira. "A malandragem perpassa nossa história o tempo todo e a gente repara isso, por exemplo, na ginga do Anderson Silva, que foi capoeirista também. A gente percebe muito isso no brasileiro. Às vezes o brasileiro tem a ginga na essência e não percebe, mas essa ginga tem uma historicidade, e ela remete ao Capoeira antigo", conclui o autor.
Com prefácio de Nei Lopes, renomado sambista e escritor, e apresentação de Mestre Nestor, mestre de capoeira e doutor em comunicação, Da Navalha ao Berimbau é um resgate histórico, social e cultural sobre a formação do imaginário nacional acerca do jeitinho brasileiro e traz, ainda, o registro de depoimentos de mestres da velha guarda carioca sobre a resistência ao racismo através do esporte e da espiritualidade negro-africana em terras brasileiras.
Da Navalha ao Berimbau
Capoeira e Malandragem no Rio de Janeiro
216 páginas
ISBN: 9786586174052
Preço de capa: R$ 49,40
Disponível em www.arolecultural.com.br/shop/da-navalha-ao-berimbau e nas melhores livrarias do país.
Sobre Jorge Felipe Columá
Mestre de Capoeira, doutor em Educação Física com pós-graduação em artes, Jorge Felipe Columá é professor de capoeira na FAETEC-RJ e docente do curso de Educação Física da UNISUAM. Coordenador pedagógico do Instituto Irmãos Nogueira, criador e coordenador do Curso Superior de Capoeira pela UGF. Diretor de ensino da confederação brasileira de MMA desportivo e membro do GT da salvaguarda da capoeira no IPHAN-RJ, Jorge também é autor de outros títulos como "Arte, Magia e Malandragem".